terça-feira, 21 de outubro de 2025

CHIQUINHA GONZAGA, UMA MULHER À FRENTE DE SEU TEMPO


Chiquinha Gonzaga, uma mulher à frente de seu tempo

Elisabete Panssonatto Breternitz (*)

Chiquinha Gonzaga, nascida Francisca Edviges Neves Gonzaga, veio ao mundo no Rio de Janeiro em 1847 e faleceu na mesma cidade em 1935.

Pianista, compositora, instrumentista e maestrina, tornou-se uma das figuras mais marcantes da música brasileira. Foi a primeira pianista chorona, isto é, musicista de choro, gênero que se consolidava como expressão da cultura popular urbana.

Em 1899, compôs a primeira marchinha carnavalesca com letra, a célebre Ó Abre Alas, que permanece viva no imaginário coletivo. Além disso, foi pioneira ao se tornar a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, quebrando barreiras de gênero em um espaço historicamente restrito aos homens.

No cenário musical do século XIX, dominado por valsas, polcas e tangos entre as elites, Chiquinha ousou aproximar o piano das sonoridades populares, traduzindo em suas composições a diversidade cultural do país. Essa adaptação não apenas lhe trouxe reconhecimento, mas também a consolidou como a primeira compositora popular do Brasil.

Sua trajetória esteve igualmente marcada pelo ativismo: foi defensora incansável dos direitos autorais de músicos e dramaturgos, papel que a levou a fundar a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, instituição que permanece como referência até hoje.

Sua história ultrapassa a música. No Passeio Público do Rio de Janeiro, uma estátua, esculpida por Honório Peçanha, perpetua sua memória. Em 2012, homenageando sua contribuição à cultura nacional, foi instituído o Dia da Música Popular Brasileira, celebrado em 17 de outubro, data de seu nascimento.

Chiquinha Gonzaga deixou um repertório vasto, que continua a encantar gerações e a inspirar artistas de diferentes épocas, entre eles nomes consagrados como Elis Regina, Chico Buarque e Caetano Veloso.

Sua vida e obra são marcos da cultura, da criatividade e da luta por igualdade no universo artístico brasileiro.

(*) Elisabete P. Breternitz, especialista em Língua Inglesa pela UNESP, é professora e membro da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí – AFLAJ – betenitz@gmail.com