Posted: 14 May
2014 02:48 AM PDT
Houve uma época em
que o homem não tinha necessidade de usar mais do que um simples nome – a
sociedade em que vivia era composta de um reduzido número de pessoas. Porém,
à medida que as comunidades cresciam, a situação ficava confusa e era difícil
determinar quem era quem. A bagunça começava a correr solta. E assim cada
sociedade tratou de inventar formas de corrigir esse estado de coisas,
criando um conjunto de processos através dos quais cada cidadão recebia uma
designação que o distinguisse dos demais. Na Inglaterra, onde a pronúncia e a
grafia não tinham o hábito de viajar juntas, as variações dos nomes foram
surgindo cada uma com suas excentricidades.
O esquema de
atribuição de nomes é essencialmente o mesmo em português e inglês:
as pessoas têm o nome próprio, prenome ou nome de batismo (first name,
given name, proper name, forename ou personal name),
normalmente seguido do middle name (também nome de batismo,
comunhão, etc.) e finalmente o last name, family name (nome
de família) ou surname (sobrenome). A designação mais comum
de sobrenome é last name. Além disso, existem os nicknames apelidos,
alcunhas) e pseudonyms (pseudônimos), que, normalmente, não
têm nada de oficial.
Os prenomes
sempre foram necessários para distinguir uma pessoa da outra. Mas, quando
havia na aldeia duas ou mais pessoas com o mesmo nome eles logo arranjavam
uma forma de se diferenciar. Havendo dois Johns, um deles podia ser
chamado John White-Head (John da cabeça branca) e o
outro John Son of Peter, ou Peter’s son (filho
de Peter) – mas raramente os sobrenomes passavam para seus descendentes. Essa
prática levou séculos para se firmar. Pelo menos na Inglaterra, esse costume
só começou a ser observado muito depois que os normandos conquistaram a
Inglaterra em 1066. O uso do sobrenome acabou tornando-se necessário entre as
classes abastadas para permitir maior tranquilidade na transferência de
propriedades herdadas.
A origem de nomes
próprios tradicionais em inglês é relativamente fácil de
explicar, embora as fontes sejam inúmeras. Há os nomes bíblicos (Sarah,
Thomas, Ruth, Samuel) e os da mitologia grega ou romana (Diana, Jason);
há os tradicionais das línguas germânicas (Eric, Ethel) e uma
infinidade de outras fontes tais como: os nomes dos meses (April, May,
June), de pedras preciosas (Ruby, Saphire), de flores (Rose,
Blossom, Magnolia) e até de lugares (Georgia). Mas a mania de
complicar continua: há um número de nomes em inglês que podem ser dados tanto
a homens quanto a mulheres (Evelyn, Leslie, Marion, Shelley), o que
pode deixar perplexo qualquer cidadão, nativo ou não. Por esse motivo, esses
nomes estão sob forte ameaça de extinção.
Já a história dos
sobrenomes em inglês é um pouco mais complicada. A maior parte deles tem suas
origens numa das seguintes fontes: profissão (Smith (ferreiro), Carpenter (carpinteiro), Taylor (alfaiate), Cooper (fabricante
de barris); lugares, em termos gerais (Brooks, Woods), ou mais
específicos (Livingston, York); característica física (Russell (avermelhado), Whitehead (cabeça
branca), Armstrong (braço forte), e parentesco. Neste último
caso, é bom notar que o parentesco pode ser indicado por um prefixo como
o O’ irlandês (O´Hara, neto ou descendente de
Hara), Mac- ou Mc-(filho de) em sobrenomes irlandeses
ou escoceses (MacArthur, McCormick), de origem celta, ou por um sufixo
como son (filho de) em nomes britânicos (Johnson,
Robertson).
O processo não era
lá muito confiável, de forma que um cidadão podia passar por vários nomes até
se fixar num só. Por exemplo, John the carpenter who lives in the
woods by the brook (John, o carpinteiro que mora no bosque perto do
riacho) podia se transformar em John Carpenter ou John
Woods ou John Brooks. Mas as profissões, lugares de
negócio ou de residência também podiam dar origem ao sobrenome de quem não
tinha a menor ligação com eles. Peter who lives near John, the
carpenter (Peter que mora perto de John, o carpinteiro), podia
virar Peter Carpenter, embora nada tivesse a ver com John ou
sua profissão. Com o tempo, muitos dos nomes originais foram sofrendo
alterações, ou as profissões simplesmente desapareceram, de forma que nem
sempre é fácil identificar a origem de um sobrenome. Mas geralmente a origem
é óbvia, como no caso de Archer(arqueiro), Gardener ou Gardner (jardineiro), Shepherd (pastor), Baker (padeiro), Miller (moleiro).
A coisa fica mais
complicada quando se trata do nome dos nomes, de coisas e conceitos, como
veremos mais tarde. (Contato com o autor: John D. Godinho – jdg161@gmail.com)
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