sexta-feira, 26 de maio de 2023

O SALADA PAULISTA - UM RESTAURANTE QUE DEIXOU SAUDADE

 

Ouça em https://soundcloud.com/elisabete-bretenitz/o-salada-paulista o áudio produzido para a Educa Web Radio, cujo texto está a seguir.

A programação completa da rádio está em https://www.educawebradio.com.br/

Alguns restaurantes entram para a história.

Um desses foi o Salada Paulista, cuja história começou por volta dos anos 1920, quando Anna e Fritz Kinzel fundam o restaurante no centro de São Paulo.

Inicialmente o restaurante ficava na Rua Dom Jose de Barros, migrando depois para a Rua 24 de Maio e, na década de 50, indo para Avenida Ipiranga.

A decoração era simples: poucas banquetas e mesas; a graça era comer em pé no balcão.

Diversos quitutes eram procurados: os salgados, servidos com a mostarda da casa, que era um dos melhores molhos da cidade, a “dupla” - 2 salsichas Santo Amaro servidas com salada de batata e o sanduíche americano.

Para beber, o chamado chope Bandeirante, um copo de 300 ml com colarinho.

Quanto ao sanduíche americano, diz-se que na década de 1940, poucos anos depois de o Ponto Chic começar a vender o famoso sanduíche Bauru, o Salada Paulista começou a perder clientes atraídos pela novidade do Ponto Chic.

Para combater a febre do Bauru, o Salada Paulista adaptou um de seus lanches, o “misto quente”, que também dizem ter sido criado ali, acrescentando alface, ovo e bacon.

O nome “americano”, portanto, foi dado devido à inclusão desses dois ingredientes que são consumidos, tradicionalmente, pelos americanos. Com o passar dos anos, o americano foi adaptado e o bacon foi retirado da receita.

À medida em que o cliente recebia seus pedidos, os valores eram anotados a lápis no balcão de mármore. Quando terminava sua refeição, o atendente somava os valores e os informava ao cliente – a seguir, a conta era apagada com um pano úmido no local, deixando o espaço pronto para o atendimento do próximo cliente.

O frequentador, então, pagava a conta e, ao deixar uma caixinha, o funcionário que recebia o valor gritava bem alto: CAIXINHA, ao que os outros funcionários respondiam, também em voz alta: OBRIGADO!

O Salada Paulista fechou as portas em 1979 deixando saudade em todos os que o frequentaram.

terça-feira, 23 de maio de 2023

GEORGE ORWELL - UM AUTOR SEMPRE ATUAL




Ouça em https://soundcloud.com/elisabete-bretenitz/george-orwell o áudio produzido para a Educa Web Radio, cujo texto está a seguir.

A programação completa da rádio está em https://www.educawebradio.com.br/

George Orwell nasceu em 1903 na Índia, onde seu pai era funcionário do governo britânico.

Com um ano de idade, mudou-se para a Inglaterra onde, em 1917 é admitido em Eton, um dos mais prestigiados colégios do mundo, mas ali tem um fraco desempenho, apesar de ser um leitor compulsivo.

Entre 1922 e 1927 serve na Polícia Imperial na Birmânia, também dominada pelos ingleses. Deixou a Polícia revoltado contra o imperialismo, já influenciado por ideias socialistas e também já escrevendo muito.

Em 1936, muda-se para a Espanha onde passa a fazer parte do Partido Obrero de Unificacion Marxista, lutando na Guerra Civil que devastava aquele país.

Gravemente ferido, tendo levado um tiro na garganta, volta para a Inglaterra, desiludido com as ideias dos partidos de esquerda, que também na Espanha visavam apenas seus próprios interesses, sem preocupações com os destinos do país – além disso, testemunhou atrocidades praticadas por militantes dos partidos de esquerda.

Na Inglaterra, produz muitos textos influenciados por suas experiências na Espanha; o mais importante é A Revolução dos Bichos, também publicado no Brasil com o título A Fazenda dos Animais.

Essa obra conta a história de uma granja, onde um porco reúne a bicharada para iniciar uma revolução contra o dono da propriedade, que segundo o porco seria a causa de todos os males dos animais.

Se parassem de trabalhar para o homem e passassem a produzir para eles mesmos, seriam felizes, dizia o porco.

A obra mostra como funciona uma revolução comunista, na qual a elite revolucionária, os porcos, assume o poder, reprime e explora os trabalhadores, sendo estes os demais animais.

Escreveu também o romance "1984", que mostra como seria um regime totalitário, feito de mentiras, traições e terror.

Esse livro criou a imagem do Big Brother, uma figura que controla a sociedade usando uma estrutura tecnológica, impedindo quaisquer manifestações de independência e busca pela liberdade.

Essas obras são leituras obrigatórias para todos aqueles que pretendem entender o momento em que vivemos.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

CAMARGO GUARNIERI - COMPOSITOR E REGENTE CONSAGRADO


Ouça em https://soundcloud.com/elisabete-bretenitz/camargo-guarnieri o áudio produzido para a Educa Web Radio, no qual tratamos do assunto abaixo. 

A programação completa da rádio está em https://www.educawebradio.com.br/

Mozart Camargo Guarnieri foi um dos maiores músicos brasileiros.

Nascido em 1 de fevereiro de 1907, em Tietê, o pianista, maestro e compositor era filho do ´barbeiro imigrante italiano Miguel Guarnieri – barbeiro e flautista que batizou seus filhos com os nomes de grandes músicos – além de Mozart, Miguel foi pai de Bellini, Rossini e Verdi. Apenas “Mozart” seguiu a carreira artística. Sua mãe, Géssia Arruda Camargo Penteado era pianista.

Aos 13 anos, Camargo Guarnieri dedicou ao seu professor Virgínio Dias, sua primeira composição, intitulada “Sonho de artista”.

O mestre detestou a obra, mas seu Miguel, entusiasmado com o talento do garoto, resolveu mudar-se com toda a família para São Paulo, para dar melhores oportunidades de aprimoramento musical para o filho.

A família tinha poucos recursos; na capital, o jovem contribuía no sustento da casa, ajudando o pai na barbearia e tocando piano em lojas de partituras, cinemas e casas noturnas.

Guarnieri seguiu seu aprendizado até que, em 1928, conheceu um personagem fundamental em sua trajetória: o escritor Mário de Andrade.

Camargo Guarnieri, então com 21 anos, mostrou a Mário suas composições “Dança brasileira” e “Canção sertaneja”. Ao ouvi-las, Mário teria dito: “Encontrei o que estava procurando” – ou seja, ele teria visto no jovem compositor alguém capaz de por em prática seu projeto de criação de uma música erudita de caráter nacional.

O escritor e o músico tornaram-se mais que amigos. Segundo Guarnieri, Mário era quase como outro pai, além de seu mentor intelectual – com Mário, Guarnieri adquiriu formação estética e cultural - Guarnieri completara apenas o segundo ano primário.

Ele costumava dizer que havia frequentado a “Universidade Mário de Andrade”, em referência às muitas reuniões e leituras na casa do amigo. Teve aulas com professores famosos; e seu talento logo o levou a se tornar professor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

Em 1938, seguiu para Paris, com bolsa de estudos concedida pelo governo de São Paulo; com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, retornou ao Brasil.

Desde cedo suas obras foram bem recebidas pela crítica e sua extensa produção conta com uma ópera (Pedro Malazarte), seis sinfonias, concertos, música de câmara, obras corais, peças para piano e canto.

Suas composições lhe renderam projeção internacional, principalmente em Portugal e nos Estados Unidos.

No campo pedagógico, Camargo Guarnieri foi, ao lado do músico alemão Hans-Joachim Koellreutter, o mais influente professor do século XX, criando uma verdadeira escola de composição e orientando centenas de alunos, reconhecidos dentre os mais destacados nomes da música brasileira, como Marlos Nobre, Guerra-Peixe, Cláudio Santoro e outros.

Em 1975, quando já era compositor e regente consagrado, Guarnieri tornou-se diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da USP, cargo que exerceria até o final da vida.

Em 1990, já com idade avançada e abatido com o ostracismo a que fora relegado, recebeu um duro golpe com um acidente que deixou seu filho caçula em grave estado de saúde. Doente, foi hospitalizado no dia 25 de dezembro de 1992.

No dia seguinte, a Organização dos Estados Americanos, em Washington, anunciava seu nome como vencedor do Prêmio Gabriela Mistral como “ o Maior Compositor Contemporâneo das Três Américas”. Em 10 de janeiro de 1993, Guarnieri falecia no Hospital Universitário da USP.

Este artista generoso, que ensinava de graça a todos os alunos nos quais acreditava e que não podiam pagar, que dedicou sua vida à música, deixou um legado dos mais consistentes de toda a história da música brasileira.

segunda-feira, 15 de maio de 2023

UMA VIAGEM DE TREM A PARANAPIACABA

 

Ouça em https://soundcloud.com/elisabete-bretenitz/paranapiacaba o áudio produzido para a Educa Web Radio, no qual tratamos do assunto abaixo. A programação completa da rádio está em https://www.educawebradio.com.br/

Em um final de semana prolongado, meus filhos, noras, netos, meu marido e eu fomos de trem a vila de Paranapiacaba, um distrito de Santo André.

O trem é uma das formas de chegar até Paranapiacaba, que sai da estação da Luz, em São Paulo, todos os domingos.

O percurso de 48 Km dura 1h30 e é realizado ao longo da atual Linha 10-Turquesa, da CPTM, proporcionando ao turista uma viagem no tempo. Entre os destaques estão as estações Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, tombadas recentemente pelo patrimônio histórico de São Paulo, que foram construídas pela antiga empresa britânica SPR (São Paulo Railway, depois Santos a Jundiai e agora CPTM) ― foi primeira ferrovia paulista, inaugurada em 1867.

Paranapiacaba surgiu como centro de controle operacional e residência para os funcionários São Paulo Railway, companhia que realizava o transporte de cargas e pessoas do interior paulista para o porto de Santos e vice-versa.

Na época muitos britânicos vieram para fazer o planejamento, construção e posterior manutenção dessa ferrovia e acabaram fixando residência; por isso o estilo da vila é todo inglês, havendo inclusive uma réplica do Big Ben.

Ao chegarmos fomos recepcionados por um grupo muito alegre tocando música popular brasileira. Saímos à rua e iniciamos o nosso passeio pela parte baixa. Passamos por um galpão com várias barraquinhas de comida e artesanato, muita coisa feita com cambuci – uma frutinha azeda típica da região, mas que eu a conhecia desde a infância, pois meu pai as deixava curtir em garrafas de cachaça, para dar a essa um sabor diferente.

Passeamos pelas ruas admirando a arquitetura das casas, paramos em um café, cujo imóvel tem cerca de 160 anos, um atendimento muito acolhedor e um bolo de milho maravilhoso.

Como é bem típico da região, a temperatura começou a cair no fim da tarde, assim como a neblina meio inglesa que começou a tomar conta do lugar. Brincávamos com as crianças dizendo que estávamos dentro das nuvens.

Tiramos algumas fotos em trens e vagões abandonados e seguimos para a estação de trem para a volta a São Paulo.

É um passeio bem diferente, bucólico, que vale a pena ser feito.