POR QUE O ENSINO DO INGLÊS NÃO
DECOLA NO BRASIL?
Gabriel Jareta
É
até redundante falar da importância de saber a língua inglesa nos dias atuais.
O inglês é o idioma mundial dos negócios, da cultura e das ciências; é a língua
mais falada do mundo na soma de falantes nativos e pessoas que a usam como
segundo idioma; é certamente a língua que um brasileiro vai utilizar para fazer
um acordo comercial com um tailandês, assim como será o único canal de
comunicação entre um norueguês e um japonês que estejam falando sobre
exploração de petróleo. Mesmo assim, pouco esforço é feito no Brasil para fazer
com que os alunos saiam da Educação Básica na rede pública conseguindo se
comunicar em inglês.
O fato de o estudante brasileiro ser, em geral, monoglota, tem impactos até
mesmo em políticas públicas de incentivo à internacionalização da educação. O
programa Ciência sem Fronteiras, por exemplo, teve problemas com alunos que
tiveram de retornar ao Brasil por falta de proficiência em inglês. Nas
principais universidades do país, aulas em inglês são praticamente
inexistentes, ao contrário do que ocorre na maior parte das universidades de
ponta em países europeus ou asiáticos.
Mas qual a razão de o inglês ser
tão desvalorizado na escola pública? Que medidas poderiam ser tomadas em um
período de tempo razoável para fazer com que o aluno que hoje entra no ensino
fundamental possa sair da escola conseguindo manter uma conversa em inglês? A
pesquisa "O ensino do inglês na educação pública brasileira",
realizada pelo British Council e pelo Plano CDE, tenta responder a essas
questões. Os pesquisadores fizeram entrevistas com gestores e coordenadores e
promoveram grupos de estudos com professores de inglês, além de aplicar um
questionário para 1.269 professores de todas as regiões do país.
"No Brasil, 85% dos alunos frequentam a escola pública. Em algum momento eles têm aulas de inglês, mas quando se pergunta qual o conhecimento deles, as respostas mostram que eles não sabem falar a língua. Uma das motivações da pesquisa foi saber por que os estudantes chegam ao final do ensino médio sem saber a língua - ou sabendo apenas o básico", diz Nina Coutinho, diretora para língua inglesa do British Council, órgão internacional do Reino Unido voltado à educação e à cultura.
Texto na íntegra da Revista Educação, edição 223 de novembro de 2015. Disponível em http://www.revistaeducacao.com.br/textos/223/para-ingles-ver-365748-1.asp Acesso em 14 11 2015 às 09h30.